quarta-feira, 19 de março de 2008

Sim, sempre terão conclusões próprias

Aprendi algo valioso ontem: se você tem cara de adolescente e entra sozinha no McDonald's carregando um bebê no colo, todas as pessoas vão olhar pra você e serão claras as expressões de "nossa, coitadinha, imagine todas as coisas pelas quais ela passou", e as indignadas de "essa gentinha irresponsável que faz as coisas sem pensar nas consequências". Além disso, há ainda os olhares desviados dos que não querem ter que encarar a (inserir o tom de "a sociedade precisa se conscientizar" aqui) difícil realidade da gravidez na adolescência, ou qualquer que seja o clichê usado nesse caso.

Mais visível ainda foi a decepção das pessoas quando os pais do bebê chegaram e sentaram na mesa em que eu estava. Todos já tinham imaginado as mais diversas situações, tristes ou perversas, que me faziam estar ali, assim, aparentando talvez uns 14 anos. "Uma criança cuidando de outra criança", arrisco afirmar que uns dois ou três pensaram.

Depois disso tentei ensinar uma frase ao menino, de quase quatro meses de idade: "Sinto a fragrância do imperialismo norte-americano." A resposta foi "angu". Mas sei que essa será a primeira frase completa dele.

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