quarta-feira, 5 de março de 2008

O Grande Irmão está observando

No ponto de ônibus, ouço um "tadinha da Juliana..." e, por um momento, fico com um sentimento de pena da tal Juliana, seja lá quem for. O tom da voz do desconhecido revelava profunda tristeza pois alguma coisa horrível havia acontecido a uma pessoa muito importante para ele.
Mas o meu momento de compaixão é breve. A resposta, da moça que conversava com o desconhecido, foi: "ai, ela que saiu ontem?"

É, Big Brother.
De novo, ou ainda.

Oito edições do programa, e as pessoas ainda não se cansaram.
Alguém, por favor, poderia me explicar qual é o propósito desse reality show? Aliás, reality show, vírgula. Ninguém me convence de que sei lá quantas pessoas, cujo interesse é conquistar a simpatia do público, são elas mesmas dentro de uma casa que é vigiada por milhões de outras pessoas que não têm nada melhor pra fazer.
Na verdade eu não questiono aqueles que se inscrevem, e participam. É dinheiro fácil, em termos. Eles têm um propósito. Mas e quem assiste? Qual é a graça? Pessoas com pouca roupa, fazendo festas e conversando sobre futilidades e estratégias para conseguir ficar mais tempo lá, fazendo festas com pouca roupa. A massa que acompanha, dia após dia, a rotina forjada de alguns seres humanos, tem alguma idéia da origem do nome Big Brother? Algum deles já ouviu falar de George Orwell e 1984? O fake-reality show podia até ser algo cultural, vejam só! Mas não.

Os amigos que gostam dessa dose diária de alienação que me desculpem.
E tadinha da Juliana.

4 comentários:

Ton-Kun disse...

Chutou o balde. Na realidade, a graça que as pessoas vêem é de que elas mesmas queriam estar dentro daquele terreno retangular, sendo fúteis, atores melhores que os das próprias novelas da Globo, e chamando a atenção para si, visando o grande prêmio.
Quando surgiu o primeiro Big Brother eu pensei que seria algo grandioso. Três edições depois eu já me desesperava que acabasse logo e eu pudesse voltar a ter uma conversa inteligente com algumas pessoas. Devemos respeitar a opinião e o gosto alheio? Claro! Mas que não pise no meu gramado... ^^

Schwantes disse...

Se tem uma coisa que realmente me irrita (além do programa em si, óbvio) é a "terminologia" que a Rede Globo criou, chamando os participantes de "Brothers". Qualquer pessoa com um Q.I maior que o de um ovo cozido sabe que os "Big Brothers" são os distintos espectadores e blá blá blá.

Enfim... querer discutir George Orwell com um povo que, pela oitava vez, coloca esse programa como líder de audiência é pura perda de tempo. Prefiro cultivar uma úlcera.

Anônimo disse...

Hahaha. Eu sou um fanático por Big Brother e sou seu amigo e mesmo assim consegui rir do seu post. Muito bem questionado (y). E sim, conheço George Orwell e sua obra. E para o primeiro comentário, eu não quero estar dentro daquele terreno retangular ou ser fútil. Só acho interessante ver várias pessoas que nunca se viram antes conviverem na mesma casa por vários dias. Ah, e da prova do líder eu também gosto. E eu nem sei se podia comentar nesse blog do submundo.

Diego Wendhausen Passos disse...

Muito legal seu texto. Concordo com sua opinião, também nestes 6 anos e 8 edições, não acompanhei uma única delas, não vejo graça nenhuma, e ainda me pergunto, como faz sucesso no mundo inteiro. Na minha concepção, vejo esse programa mais como uma indústria de "novos famosos". Além disso, não vejo sentido nenhum ficar sendo filmado durante dias, semanas, ou meses, para aqueles que vão às últimas edições, ficar sendo vigiados durante o dia inteiro. Pra mim, esta série não me acrecenta em nada.