segunda-feira, 31 de março de 2008

Originalidade é uma coisa linda

Não que eu seja viciada em Orkut nem nada parecido, longe de mim, claro, mas não é interessante de forma quase etnográfica analisar o que as pessoas escrevem lá? Perceber a forma como escrevem, as coisas que dizem, os absurdos que são capazes de fazer e, ouso dizer, como as pessoas são?

Uma coisa que chama minha atenção é o aparente desespero dos seres humanos de se mostrarem sinceros, amigáveis, verdadeiros e bons. Desative - ou não - seu visualizador de visitantes recentes, e passeie um pouco pelas páginas alheias. Talvez, nesse caso, olhar a sua própria página já resolva. Repare na parte pessoal de cada perfil, em especial o item "o que não suporto". Sabe quantas pessoas escreveram alguma resposta contendo as palavras falsidade, inveja, traição e mentira? É, nem eu, o que é uma pena, seria um dado legal. Mas é desnecessário esse apego com números, não?

"Falsidade e mentira", "inveja, falsidade e mentira", "falsidade e fofocas", "Falsidade, traição, inveja", "falsidade, egoísmo", "Mentira e falsidade", "Traição..Inveja..Falsidade", "falsidade, inveja", "FALCIDADE" (sic, obviamente, mas no Orkut quem se surpreende, não é mesmo?), "mentira, sinismo, falcidade..." (sic², a não ser que não suportar sinismo seja algum tipo de problema pessoal com qualquer um que seja obcecado por sinos. Nesse caso retiro a minha correção), e por fim uma resposta mais completa, "inveja, falsidade, mentira e traição".

Que bom e maravilhoso que tantas pessoas abominam tais atos e sentimentos! Agora, se todos colocarem alguma resposta similar, o mundo será um lugar mais bonito? Afirmar que não suporto mentiras automaticamente faz com que a humanidade acredite que eu, com toda a minha inocência, pureza e bondade, nunca, jamais menti, já que eu desprezo todo e qualquer ser pensante que já o tenha feito? Quem preenche o campo do perfil dessa maneira está deixando implícito, de alguma forma, que todos os que não o fizeram são pessoas falsas, invejosas, mentirosas e traidoras? E já não é esperado que as pessoas não sejam assim? É realmente necessária essa mesmice eterna?

Confesso que vez ou outra sou tomada por uma vontade quase incontrolável de escrever "inveja e falsidade" em 'paixões', e qualquer um desses inacabáveis clichês de 'paixões' na lista de coisas abomináveis.

Mas talvez eu seja simplesmente chata, e fim.

E o que eu não suporto?
No momento, plágio.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Questões acadêmicas

E eis que durante uma aula de Planejamento Gráfico surge a dúvida: qual é a fonte usada na sopa de letrinhas?

- Não tem serifa, né?
- Não... pode ser Arial.
- Mas é muito fina.
- Com negrito?
- É... Ou então Arial Black.
- Não, mas é muito quadrada.
- Arial Narrow negritada?
- Ainda é muito quadrada.
- Tá, Bauhaus então.
- Hm, não.
- Daqui a pouco a gente tá dizendo que é Comic Sans.
- Argh, Comic Sans é muito feliz.

E assim continua indefinidamente.

quarta-feira, 26 de março de 2008

E o Orkut é um poço de cultura


Pás.


O mundo precisa de pás.









É engraçado, vai.
Ou só eu ri?


Lembrando que a faculdade não acha o Orkut legal.
E a gente tem que implorar pra usar o YouTube.
Ah, alguém já tentou pesquisar "Picasso" no Google na Estácio? Não pode. Fazer trabalho sobre as vanguardas artísticas pra aula de Estética e Cultura de Massa é proibido na faculdade. Ou pelo menos não podia, nos saudosos e longínquos tempos de aulas teóricas e debates filosóficos e subjetivos no curso de jornalismo. Só eu tenho saudade disso?
Mas já estou fugindo - absurdamente - do assunto. De qualquer forma, o blog é meu e eu fujo do assunto se eu quiser. Ha ha.
Enfim.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Sim, sempre terão conclusões próprias

Aprendi algo valioso ontem: se você tem cara de adolescente e entra sozinha no McDonald's carregando um bebê no colo, todas as pessoas vão olhar pra você e serão claras as expressões de "nossa, coitadinha, imagine todas as coisas pelas quais ela passou", e as indignadas de "essa gentinha irresponsável que faz as coisas sem pensar nas consequências". Além disso, há ainda os olhares desviados dos que não querem ter que encarar a (inserir o tom de "a sociedade precisa se conscientizar" aqui) difícil realidade da gravidez na adolescência, ou qualquer que seja o clichê usado nesse caso.

Mais visível ainda foi a decepção das pessoas quando os pais do bebê chegaram e sentaram na mesa em que eu estava. Todos já tinham imaginado as mais diversas situações, tristes ou perversas, que me faziam estar ali, assim, aparentando talvez uns 14 anos. "Uma criança cuidando de outra criança", arrisco afirmar que uns dois ou três pensaram.

Depois disso tentei ensinar uma frase ao menino, de quase quatro meses de idade: "Sinto a fragrância do imperialismo norte-americano." A resposta foi "angu". Mas sei que essa será a primeira frase completa dele.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Brushes



Ps. Piada interna.

quarta-feira, 12 de março de 2008

É ótimo quando acontece com os outros

quarta-feira, 5 de março de 2008

O Grande Irmão está observando

No ponto de ônibus, ouço um "tadinha da Juliana..." e, por um momento, fico com um sentimento de pena da tal Juliana, seja lá quem for. O tom da voz do desconhecido revelava profunda tristeza pois alguma coisa horrível havia acontecido a uma pessoa muito importante para ele.
Mas o meu momento de compaixão é breve. A resposta, da moça que conversava com o desconhecido, foi: "ai, ela que saiu ontem?"

É, Big Brother.
De novo, ou ainda.

Oito edições do programa, e as pessoas ainda não se cansaram.
Alguém, por favor, poderia me explicar qual é o propósito desse reality show? Aliás, reality show, vírgula. Ninguém me convence de que sei lá quantas pessoas, cujo interesse é conquistar a simpatia do público, são elas mesmas dentro de uma casa que é vigiada por milhões de outras pessoas que não têm nada melhor pra fazer.
Na verdade eu não questiono aqueles que se inscrevem, e participam. É dinheiro fácil, em termos. Eles têm um propósito. Mas e quem assiste? Qual é a graça? Pessoas com pouca roupa, fazendo festas e conversando sobre futilidades e estratégias para conseguir ficar mais tempo lá, fazendo festas com pouca roupa. A massa que acompanha, dia após dia, a rotina forjada de alguns seres humanos, tem alguma idéia da origem do nome Big Brother? Algum deles já ouviu falar de George Orwell e 1984? O fake-reality show podia até ser algo cultural, vejam só! Mas não.

Os amigos que gostam dessa dose diária de alienação que me desculpem.
E tadinha da Juliana.